Por
MADSON MORAES
Que
livros escolher para iniciar seu filho na leitura? Os clássicos ou optar
por livros da moda com bruxos e vampiros? O Tempo de Mulher pediu
a educadores que recomendassem livros infantis e explicassem a
importância da leitura na formação das crianças e jovens.
Para a
coordenadora de Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio
Santo Ivo, Terezinha Fulanetto, que recomendou livros como 'Minhas memórias de Lobato',
e 'Fábulas
Favoritas', a leitura serve como estímulo para a criança
aprender a humanizar-se, a renunciar, a perder e a ganhar. 'Estimula-se,
ainda, a emoção da descoberta, o desenvolvimento da segurança intelectual com
formas de pensar coerentes dando a elas a oportunidade de decidir por si
mesmas', explica.
Outra
especialista é a psicóloga e psicanalista Christine Bruder, fundadora da
Primetime Child Development, centro de desenvolvimento infantil para bebês de 0
a 3 anos. Ela ressalta que adultos que leem para as crianças precisam
fazê-lo com entusiasmo e satisfação já que os bebês percebem o envolvimento dos
pais e atribuem, a partir daí, um valor para leitura e os
livros. Christine explica que não há limite de idade para começar a
ler e que recém-nascidos já conseguem reconhecer o tom e musicalidade da voz da
mãe e ficar interessados na narrativa.
'Quem
ouve histórias e tem contato com os livros desde bebê mostra, na fase escolar,
um vocabulário maior e mais complexo, discrimina melhor os sons das palavras e
entende melhor textos informativos. Os recém-nascidos já reconhecem o tom e
musicalidade da voz da mãe e vão ficar interessados na narrativa. Claro que não
entendem ainda o significado das palavras, mas recebem o afeto e se
familiarizam com os sons do idioma materno', analisa a psicóloga.
Para Christine
Bruder, essa interação com a família favorece a formação de um vínculo de
qualidade, uma vez que a maioria dos bebês responde à leitura com olhares,
expressão facial e até balbucios criando um momento de muita intimidade,
satisfação e reciprocidade entre mãe ou pai e o bebê.
'Quando
um bebê cresce ouvindo histórias, ele se acostuma com a intimidade de
compartilhar histórias com alguém e com o prazer intelectual que o livro e as
atividades culturais proporcionam. Existem, portanto, grandes chances dessa
criança continuar buscando por atividades compartilhadas e que tragam
satisfação intelectual ao invés de buscar isolamento e atividades vazias de
significado', explica a psicóloga.
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Livros
infantis clássicos e os ilustrados são ótimas opções
'A
vantagem dos clássicos infantis é que as boas traduções costumam ter textos de
qualidade, bem escritos, com vocabulário abrangente, sem gírias ou linguagem
infantilizada. Pais podem também optar por livros com ilustração de qualidade
para que o bebê visualize o que está sendo contado ou lido e se beneficie da
experiência estética de apreciar imagens diferenciadas e interessantes', avalia
Christine.
Leitura deve ser diária para ocupar rotina da criança
Quantos livros eles devem ler por ano? É importante estabelecer
metas? O ideal, explica a psicóloga Christine Bruder, é que essa leitura
seja diária e ocupe um lugar dentro da rotina da criança. 'Essa consistência
dentro da rotina, a qualidade do livro e a técnica de leitura são aspectos mais
importantes do que a quantidade de títulos inclusive porque as crianças
pequenas gostam de reler diversas vezes suas histórias preferidas', analisa a
especialista da Primetime.
Pais devem insistir caso filho não tenha 'curtido' experiência
da leitura?
A dica da psicóloga é não desistir e informar-se sobre o que esperar
do comportamento do seu filho em relação aos livros e adaptar essa leitura às
possibilidades da criança.
'Não podemos esperar que uma criança de 2 anos, por exemplo,
fique quieta, pare sentada e escute uma história até o fim. Não corresponde ao
comportamento típico da maioria das crianças dessa idade. Não desista! Tornando
a atividade divertida e respeitando os limites da criança ela logo passará a se
interessar pelo mundo dos livros', explica a psicóloga.
'A Casa Sonolenta' de Audrey e Don Wood (Editora Ática)
Por que eu indico: 'Os bebês se encantam com essa história divertida e com a linda ilustração e com a construção circular da narrativa. A cada página, os acontecimentos anteriores são recuperados e os bebês podem enriquecer seu vocabulário, além de exercitar sua memória de trabalho', recomenda a psicóloga Christine Bruder, da Primetime Child Development, centro de desenvolvimento infantil para bebês de 0 a 3 anos.
'O Grúfalo' de Julia Donaldson e Axel Scheffler (Editora Brinque Book)
Por que eu indico: 'Um ratinho alegre, corajoso e esperto se livra de ser comido pelos outros animais da floresta. Enquanto isso o bebê aprende sobre as características dos animais, sobre a vida na floresta e ainda trabalha a atenção', explica Christine.
'O homem que amava caixas' de Stephen Michael (Editora Brinque Book)
Por que indico: 'Ambientado no mundo dos sonhos, o livro ajuda a desenvolver a criatividade das crianças', recomenda Patrícia Bissetti, coordenadora pedagógica de educação infantil e 1° ano do Colégio Pio XII.
'A Bruxa Salomé' de Audrey e Don Wood (Editora Ática)
Por que indico: 'Crianças a partir de dois anos gostam do enredo e das ilustrações cheias de expressão e emoção. Podem experimentar de forma segura e protegida, por meio da fantasia da história, alguns medos e ansiedades típicos dessa fase de desenvolvimento e sentirem-se capazes de enfrentar os desafios', recomenda a psicóloga Christine Bruder da Primetime.
'Entre neste livro – A constituição para crianças' de Liliana Iacocca e Michele Iacocca (Editora Ática)
Por que eu indico: 'O livro apresenta a Constituição brasileira para crianças. Além disso, revela como funciona o Estado e aborda temas como direito das crianças e dos adolescentes e proteção do meio ambiente. Uma leitura gostosa e bem-humorada que vai servir de ponto de partida para se discutir Direitos Humanos', explica Terezinha Fulanetto, coordenadora da Ed. Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Sto. Ivo.
'Minhas memórias de Lobato' de Luciana Sandroni (Cia das Letras)
Por que eu indico: 'Emília, Pedrinho e Narizinho são todos conhecidos que parecem pertencer ao domínio público. Neste livro é o próprio Monteiro Lobato quem se transforma em objeto das 'memórias' de Emília e de seu ajudante, o Visconde de Sabugosa. O que eles fazem é uma biografia para crianças, numa linguagem séria e lúdica que o próprio Lobato aprovaria', destaca Terezinha.
'Fábulas Favoritas' (Girassol Edições Ltda)
Por que eu indico: 'Os animais têm características humanas e transmitem lições morais com grande simplicidade', recomenda Terezinha Fulanetto.
'O pote vazio' de Demi (Editora Martins Fontes)
Por que eu indico: 'Mostra como o fracasso constrangedor se transformou em triunfo nesta história sobre honestidade compensada que trouxe a pura verdade', indica Terezinha Fulanetto, coordenadora da Ed. Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Sto. Ivo.
'Maria vai com as outras' de Sylvia Orthoff (Editora Ática)
Por que eu indico: 'O livro ressalta a importância das crianças tomarem suas próprias decisões e não seguir somente o que os amigos fazem', destaca Patrícia Bissetti, coordenadora pedagógica de educação infantil e 1° ano do Colégio Pio XII.
'O palhaço espalhafato' de Ana Maria Machado e Claudius (Ed. Salamandra)
Por que eu indico: 'A Série Mico Maneco oferece às crianças uma fascinante aventura: aprender a ler, lendo. Apresentando personagens bem brasileiras, inseridas em histórias curtas e imaginativas, estes livros fazem da alfabetização um prazer. Incentiva as atitudes gentis', indica Terezinha Fulanetto, coordenadora da Ed. Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Sto. Ivo.
'O menino que aprendeu a ver' de Ruth Rocha (Quinteto Editorial)
Por que eu indico: 'Excelente livro para início da alfabetização com símbolos e letras', indica a coordenadora pedagógica de educação infantil e 1° ano do Colégio Pio XII, Patrícia Bissetti.
'O dinheiro – Aprenda a cuidar do seu dinheiro' de Cristina Von (Ed. Callis)
Por que eu indico: 'O objetivo do livro é conscientizar os alunos da necessidade de um consumo sem exageros', explica Terezinha Fulanetto, coordenadora da Ed. Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Sto. Ivo.
'Coleção Bullying – Não é brincadeira' de Simara Rascalha Casadei (Ed. Just)
Por que indicar: 'Para crianças de 5 a 8 anos, os livros abordam temas que podem desencadear o bullying. Além disso, os textos apresentam questões sobre o consumismo, o preconceito e a inclusão com uma linguagem simples, sensível e divertida', indica Terezinha Fulanetto.
'Adivinha o quanto eu te amo' de Sam Mcbratney (Martins Fontes Edições Ltda), 'O grande livro das emoções' de Esteve Pujol e Rafael Bisquerra (Ed. Ciranda Cultural) e a coleção 'Como eu me sinto quando' de Trace Moroney (Ed. Ciranda Cultural).
Por que eu indico: 'Os livros citados têm o objetivo de ensiná-los a identificar diversos sentimentos e saber lidar com eles', explica Terezinha Fulanetto, coordenadora da Ed. Infantil e do 1º ano do Ensino Fundamental do Sto. Ivo.
'Ei, ei, ei, Vanderlei – Histórias que cantam' de Estevão Marques (Melhoramentos)
Por que eu indico: 'Excelente para ser contato antes de dormir, com o autor transferindo a animais situações cotidianas', indica Patrícia Bissetti, coordenadora pedagógica de educação infantil e 1° ano do Colégio Pio XII.
'Chapeuzinho amarelo' de Chico Buarque (Editora José Olympio)
Por que eu indico: 'O livro ensina a enfrentar os medos para conquistar autonomia, estimula a convivência e a leitura', indica Patrícia Bissetti.